quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Humanamente Contraditório – Merecedor de Oscar


Sei que falar mal de ex pode representar dor de cotovelo, eu mesma já fiz tal comparação aqui, mas não importa, estou incomodada e preciso desabafar, e afinal, esse é o meu cantinho, só vai ler quem quiser e eu não me importo que não haja platéia, pois a minha vida é um carnaval que não merece premiação na apoteose.


Estive solteira por um ano e sete meses, reneguei a vontade de namorar por achar que não encontrara a “pessoa certa” , ou por achar que não aguentaria a barra de um relacionamento limitado por fronteiras ( de vários sentidos), fiquei na minha, meti a cara nos estudos. No começo da solteirice, em 2006, beijei bocas procurando encontrar corações, perca de tempo, não senti nada além de vontade de sumir!


Depois de tanto tempo sem procurar, acabei encontrando . Mas como sempre, o inicio é lindo. Mas nem o inicio foi belo, mas eu resolvi encarar mesmo assim, pois estava me achando muito seletiva e covarde, sempre fugindo e apontando pequenos defeitos. Então, abri meu coração como jamais fiz.


Na 1ª semana de namoro eu já quis terminar. Motivo? O meu “alguém” me fez a gentileza de informar-me que acabara de sair de um relacionamento de 8 anos de duração. Pensei : “Puta que pariu! Não vou querer a sombra do passado alheio nublando os meus dias.”, reclamei por ele não ter me contado isso antes, conversamos e ele foi embora. Depois me ligou e disse que precisava conversar sério comigo, aí pensei : “ Agora acaba!”, mas pra minha surpresa meu coração mingou e doeu por pensar que era o fim. Ele chegou , me pegou pelas mãos, sentou-se diante de mim e começou a falar, dizia que ela ainda o procurava, que ele estava sofrendo, mas porque já estava gostando de mim e ela atormentando ele, ou seja, estava dividido.


Depois de muito bla,bla,bla , ouvi o que não deveria : “ Laine, é com você que eu quero ficar, quero ser feliz com você”, ou seja, estava pensando na felicidade dele e me usando pra esquece-la. E eu? Estava fazendo parecido, afinal, eu estava jogando minhas fixas alí pra aprender a amar de verdade. Só tem uma diferença do meu egoísmo pro dele : Eu estava com o coração vazio esperando que ele cuidasse, já ele não, estava com o coração atormentado esperando que eu curasse.


Continuamos o namoro, então ele decidiu ser o namorado perfeito, falávamos de tudo, saíamos , riamos , cantávamos... Conheci a família dele e ele a minha. Mas houveram outros erros; ele passou a me contar todas as pilantragens e cafagestagens que aprontara com a ex, eu ouvi calada , porém espantada. No mínimo ele queria que eu pensasse “ se ele está me contando isso, é porque não vai fazer o mesmo comigo”, mas eu não penso assim. Sem saber ele estava abrindo os meus olhos e fazendo-me vê-lo como é na hora da raiva, então passei a ficar na retranca.

A ex , segundo ele, passou a ligar pra ele diariamente quando sobe do nosso relacionamento. Dizendo que ainda amava ele e bla,bla,bla, passavam horas durante as madrugadas. E eu? Eu não gostava , claro! Nunca reclamei , dizendo : “ Não quero você conversando com fulana”, não sou infantil a ponto de dizer o que se pode ou não fazer, não delego funções e nem imponho regras. Pelo contrário, fui idiota! Sempre senti ele diferente depois dos telefonemos , que segundo ele partia dela, e eu perguntava : “ Porque você ainda atende os telefonemas se te faz mal, se te deixa assim?” - Resposta : “ Ela é descontrolada, capaz de vir aqui, de ligar pro residencial e acordar a família toda”...ok, ok fui a otária do ano!


Cansei de dar conselhos, de demonstrar que estava me sentindo mal com os telefonemas, não por ela está ligando, mas por ele estar atendendo. Até que um dia, ela me mandou um e-mail falando muito mal dele, do egoísmo dele , da prepotência, de se achar o melhor, de querer ter todos ao seu dispor, disse-me que ele ligava pra ela todos os dias que não aguentava mais, e pra provar que era verdade o que ELA falava, me disse coisas que ouviu dele sobre nós dois, coisas que eu pensava que só EU e ELE sabíamos, fiquei abismada. Terminei com ele, não quis nem conversar, explodi! Pensei: “Vai tomar no cu, não vou ser madura agora, nem vou pensar em ser compreensiva, vá procurar ela, me deixa em paz!”
Detonei ele pelo msn mesmo, não atendi telefonemas então ele disse que iria tomar um banho e enquanto isso eu esfriaria a cabeça , mentira, ele só queria ganhar tempo, saiu de casa do jeito que estava e em menos de 15 minutos estava atrás de mim.

Quando estou com raiva não consigo pronunciar uma palavra, meu poder de observação fica muito aguçado e cada movimento, cada palavra, cada expressão são perceptíveis. Eu havia mandado o e-mail dela pra que ele soubesse o motivo do meu ataque, então já chegou aqui sabendo o qual era o problema, se justificou, e pra variar jogou a culpa nela. Eu não olhava nos seus olhos, ignorava-o e isso o deixava irritado, então pedia que eu olhace pra ele enquanto falava, aí eu falava : “ Quer um olhar meigo, apaixonado, revoltado, decepcionado...qual você quer? Também sei atuar!”. O ser se espantou, e começou a atuar, merecedor de oscar! Ficou tão irritado que começou a elevar o tom de voz, aí eu comecei a falar, cada vez mais baixo, a ponto dele não me ouvir , foi quando eu ouvi um : “ O que?”, como resposta ele teve : “ Viu? Não é necessário falar alto, não estou olhando pra sua cara mas infelizmente estou te ouvindo.”

Sorriu pra mim, pkp sorrisos me desmontam, mas me pus firme. Terminamos a noite brigados, ele foi pra casa e eu fui dormir. Ali estava o segundo fim do mesmo relacionamento, no dia seguinte, eu estava toda arrumada pra ir a um aniversário e ele me chega suado, vestindo social , todo desajeitado, e com um buquê de rosas vermelhas nas mãos , pensei : “ Porra! Até isso ele faz errado, tá cansado de saber que odeio flores.” e logo um segundo pensamento : “ Mas ele está tão bonitinho, a intenção é me agradar, mostrar que se arrependeu... vou fingir que não estou nem aí e ouvi-lo.”

Ouvi tudo o que ele ainda tinha pra dizer, leu um poema escrito por ele, cantou a musica que escolhemos como nossa, eu chorei , ele tremeu mais que vara-pau , suava e o caramba a quatro... Eu não consegui me por firme diante de tamanha determinação em não me perder. Nos beijamos, depois desse dia nunca mais se ouviu falar de ex. Eu mudei, fui mais 'presente', pois ele reclamava que pra mim sempre estava tudo muito bom, tudo muito bem. Então passei a fingir que me importava com algumas coisa, só pra ele se sentir importante e de fato era importante pra mim, passei a ligar mais vezes pra ele .

Foi algo estranho, porque eu sofri a bofetada , e eu mudei pra agrada-lo, injusto, não? Mas mesmo assim, me sentia bem, pois ele estava feliz. Ouvia todas as queixas sobre tudo quanto foi tipo de assunto, acompanhei-o em suas empreitadas, apoiei-o quando todos falaram que ele não passava de um moleque que ainda brincava de jogar futebol, mas via que aquilo animava ele, então ia assistir os jogos porque sabia que era importante pra ele.

Mas e pra mim? Quando ele se doaria pra mim? Quando passaríamos a fazer o que eu gostava, a ouvir o som que me agradava ,a comer o que eu gostava? Não poderia haver trocas? Só doações de minha parte? Cresci pensando que relacionamento fosse feito de trocas, não de troca de namorado, mas de troca de gentilezas de sentimentos, de reconhecimento. Nunca cobrei isso dele, sempre esperei que partice dele, mas nunca aconteceu . E pra confirmar o que a Ex me dizia no e-mail, ele fez a mesma coisa comigo, me ligou e procurou por msn e por fim esteve aqui em casa essa semana, pra buscar duas camisas e um chinelo ( desculpa). A mesma desculpa que usava pra ir até a casa dela. NÃO FODE!

Então fui desanimando e voltando a ser aquela pessoa que não acredita em relacionamentos felizes. E hoje estou só, e não sei se acredito que existe alguém pra mim.
Mas de uma coisa eu tenho certeza : Eu não fui feita pra ele!

Um comentário:

Elaine Natal disse...

TU escreve bem pra cacete!!! Perdão o palavrão, mas escrevi assim como me veio a mente, sem emmendas nem rassuras.
E minha linda... tudo ao seu tempo.. pessoas certas não existem! Elas (e nós tb) nos transformamos pra que haja encaixe.. involuntariamente... felizes...
AMOOOO!